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Catarina Lopes trabalhava na área farmacêutica quando decidiu fazer uma pausa e percorrer a América do Sul de mochila às costas. Quando regressou a Portugal, além das memórias e experiências de uma vida, trazia um desejo: o de construir um projeto com um impacto positivo a nível ambiental e a nível social. Foi assim que nasceu, em setembro de 2019, a Nüwa, uma marca de roupa focada na sustentabilidade, que procura incessantemente tornar a indústria da moda mais ética e consciente.
O que te levou a criar este projeto?
Depois de alguns anos a trabalhar na área farmacêutica, decidi fazer uma pausa e fiz um «mochilão» pela América do Sul. Foi a experiência de uma vida, devo confessar. Quando tive contacto com novas culturas e diferentes pessoas, desenvolvi uma ligação indiscritível com a natureza: quer pelo fenómeno natural que é a América do Sul, um continente incomparável, quer pelo seu povo que que vive para e com a natureza. No final desta aventura, regressei com a certeza que queria construir e erguer algo diferente!
Esta viagem despertou em mim a vontade de criar um projeto com o qual pudesse ter um impacto positivo a nível ambiental e a nível social: contribuir para a preservação do nosso planeta e ajudar povos mais desfavorecidos.
Cresci no seio de uma família dedicada à indústria têxtil, e então a resposta surgiu: criar uma marca de roupa, valorizando o conhecimento e herança que passou de geração em geração. Assim surge a NÜWA, que se posiciona como elemento ativo na construção de uma economia circular na indústria da moda com a ética e a consciência que o planeta nos exige nesta altura.
Qual é a história por trás do nome?
NÜWA vem da mitologia chinesa, é a deusa que representa a criação da humanidade. É vida, esperança e criação! São estes os valores que potenciaram o aparecimento da marca, mas sobretudo, que me inspiraram na sua idealização e conceção.
O que foi mais complicado no processo de criar uma marca?
O facto de eu ter vindo de um ramo profissional completamente diferente tornou o processo mais complicado, claramente. Foi muito desafiante criar toda a estratégia de marca e de marketing, bem como toda a parte do digital e e-commerce. Outra dificuldade que registo, diz respeito à materialização do produto: foi encontrar o processo mais eficaz para manusear uma matéria prima com características tão diferentes (fio reciclado) do fio tradicional. Foram necessários muitos testes para chegarmos ao produto final.
Qual foi a razão para nunca desistires?
Quando se acredita num projeto e se investe do que é nosso em todo o processo até à sua implementação, desistir passa a não ser opção por tanto que lhe damos e por tanto que sonhamos. Quem acredita e luta não desarma! É essa a minha convicção.
Qual foi o melhor momento ou história da marca até hoje?
Criar uma marca do zero é um processo muito moroso e exigente e, como a maioria das marcas, começamos por vender essencialmente a familiares e amigos. O melhor momento e sensação para mim tem sido ver e sentir que o nosso alcance aumentou: chegamos a mais pessoas, mais pessoas vestem NÜWA e reconhecimento da marca começa a crescer. Tem sido uma viagem exigente, mas muito recompensadora, sobretudo quando conseguimos perceber o impacto positivo que temos na consciencialização para a temática ambiental.
Como é que a tua marca faz a diferença?
O objetivo da NÜWA é claro: criar roupa que honra o planeta dando oportunidade aos consumidores de fazerem escolhas mais conscientes. Assumimos uma forte componente de sensibilização e pretendemos demonstrar que a indústria têxtil e os seus produtos podem ser repensados para responder de forma assertiva à problemática ambiental – que é de todos. Somos uma marca 100% portuguesa: do design à produção. Apenas utilizamos materiais sustentáveis com recurso à estampagem digital à base de tintas de água e biodegradáveis.
Reforçamos o nosso compromisso social e 1% das nossas vendas revertem a favor de comunidades sem acesso a água potável em África, apoiando o objetivo seis das Nações Unidas: o acesso universal e equitativo à água potável e saneamento.
Trabalhamos todos os dias para reduzir o nosso impacto no planeta e queremos proporcionar aos consumidores a oportunidade de fazerem boas opções, através da roupa que usam. Acredito que marcamos a diferença.
O que ainda falta conquistar?
O mundo! Nascemos recentemente e estamos a chegar ao mercado, mas chegamos com um verdadeiro propósito para com o ambiente e para com o consumidor. Caminhamos no sentido de consciencializar quer o consumidor, quer as entidades gestoras e institucionais.
O que mais precisas neste momento para chegares onde queres?
Essencialmente precisamos de nos cimentar, enquanto empresa e enquanto marca. Desenvolver o conceito e crescer, sobretudo com aquele que é o capital mais importante: o humano. Um projeto ergue-se com pessoas e para pessoas! Com a expansão da marca pretendemos criar novas estratégias no offline e internacionalizar a marca. É esse o foco.
Quais os maiores motivos para comprar português?
Comprar português é essencialmente comprar qualidade. Hoje, mais do que nunca, é imperativo apoiar e valorizar o que é feito, e bem feito, em Portugal. Comprar às pequenas marcas é fomentar a economia e contribuir para que as empresas se implementem e cresçam no nosso país.
Diz-me outra marca/espaço português que te inspire e porquê?
A marca de sapatos Zouri é a marca portuguesa que mais me inspira. É uma marca sustentável com uma vertente educacional muito forte. A promoção de atividades de recolha do lixo nas praias, por exemplo, mobilizando os mais jovens para o efeito é, na minha opinião, um contributo social de uma relevância tremenda. Acho, efetivamente, que precisamos de apostar em projetos sustentados como este.